domingo, 25 de abril de 2010

MAIOR ABANDONADA





Quando senti necessidade de abrigo,

tive teu útero feito morada,

a acolher-me.



Quando nasci,banhada em lágrimas,

tive teus lábios,para secá-las com beijos.



Quando sorri pela primeira vez,

tu lá estavas,pra festejar.



Quando balbuciei a primeira palavra:"mãe",

tu chorastes de alegria.



Quando dei os primeiros passos,

tu me servistes de apoio,

firmando meu rumo.



De todos os teus gestos,doar-se foi o maior.



Hoje é teu dia.



Inquieta,pobre de afeto,

a buscar um ponto luminoso na distância,

grito teu nome:

Mãe!



A boca seca soltando as frases acorrentadas

no fundo do peito que palpita,

sem poupar palavras.



Mas já é tarde;



Há o vazio,pupila dilatada sem cor,

o rosto carregando o medo até o fim da estação,

onde a noite desembarca.



Tu não estás aqui pra me falar de céu.



Rosy Moreira

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