quinta-feira, 19 de novembro de 2009

LENTAMENTE

Lentamente...



Abro as páginas do meu diário,

como se despisse a pessoa amada.



Lentamente.

Compassadamente.

Vulcão quente entre os dedos.



Percorrendo traço a traço,

cada linha disfarçada no seu corpo.



Gravando em suas páginas nuas,

todos os versos que rimam,

como carícias enfileiradas.



Escrevo com a alma,

deitando as palavras lado a lado,

como se fizesse amor com as letras misturadas.



Meu sentimento rasteja e flutua,

como se minha poesia vazasse pelos poros,

sangue e suor em devaneio,

represa em explosão.



Olhos fechados,

respiração ofegante,

a poesia delira...escorregando.



Na última frase,

o suspiro de fêmea saciada,

como se atingisse o prazer.



Ainda em êxtase,

entrega-se até o último traço,

derramando-se toda sobre seus escritos.



O amado ausente.




Na sua frente,

rastros marcados no diário silencioso.



Rosy Moreira

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