Lentamente...
Abro as páginas do meu diário,
como se despisse a pessoa amada.
Lentamente.
Compassadamente.
Vulcão quente entre os dedos.
Percorrendo traço a traço,
cada linha disfarçada no seu corpo.
Gravando em suas páginas nuas,
todos os versos que rimam,
como carícias enfileiradas.
Escrevo com a alma,
deitando as palavras lado a lado,
como se fizesse amor com as letras misturadas.
Meu sentimento rasteja e flutua,
como se minha poesia vazasse pelos poros,
sangue e suor em devaneio,
represa em explosão.
Olhos fechados,
respiração ofegante,
a poesia delira...escorregando.
Na última frase,
o suspiro de fêmea saciada,
como se atingisse o prazer.
Ainda em êxtase,
entrega-se até o último traço,
derramando-se toda sobre seus escritos.
O amado ausente.
Na sua frente,
rastros marcados no diário silencioso.
Rosy Moreira
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