Pinto meu corpo...
para disfarçar essas manchas pálidas de saudade
espalhadas pelo teto do meu eu.
Pinto meu corpo...
riscando as paredes
apagadas com os dedos
tatuando meu olhar sedento
minha casca sem vida...
meu vidro embaçado.
Pinto meu corpo...
para disfarçar os traços de sombra
de cada assombro
que se riscam inteiros
e se levantam sobre mim.
Pinto meu corpo...
me copiando pelo avesso da penumbra
onde rabiscos se confundem
e nublam o continente da lembrança.
Pinto meu corpo...
arrancando um pano negro de segredo
tatuando luz e vida num olhar que vai além
cortando a força das trevas...
Pinto meu corpo...
tentando fechar as portas
que se desenham
na casa íntima do meu medo...
caudaloso compasso
de riscos ocultos nesse vulto
que até eu às vezes desconheço.
Rosy Moreira
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