Não quero mais os uivos da noite
só quero o grito e o rabisco
no campo aberto desse papel.
Continuo a vida...
e essa dor sentida continua viva na madrugada
invade o sonho que nada mais é
do que um muro onde essa ferida se refugia.
Vou pisando folhas velhas de árvores
que indicam e decoram caminhos
tão desbotados e sem graça.
Anseio a lâmina que acabe com essa dor
que crava a ferida e sangra
sendo a luz da estrela sem brilho
o olho caolho que olha o nada.
esse pulsar de melancolia
iluminando o céu de cimento
explodindo a represa de minhas águas.
Sem tarde quente
sem noite fria
só morna gente.
Mas não faz mal:
Irei encontrar-me amanhã
com minhas esperanças
nas curvas de lembranças
nas sobras de meu corpo
nas dobras de mais uma tentativa
ou algo que me valha...
Rosy Moreira
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