quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

SEM ESPECTADOR






Foram tantas as tardes que morreram em mim!



Feito onda que some,

numa decomposição insana,

na argila verde do profundo mar.



Estou aqui, buscando-te na saudade,

em direção ao poente.



Presa à margem,como barco envelhecido,

à mercê das tempestades.



Sou a própria carcaça abandonada,

jogada aos pedaços,

silenciosa,mansa ,escura.



Parece-me que nada restou para colher,

senão a lágrima sentida,

escorrida em branco sentimento,do peito dos olhos.



Sem nenhum espectador.



Rosy Moreira



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